sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Você estava ali, e agora?

 Quando eu e o seu pai brigamos eu fiquei muito triste, eu havia viajado pra casa da sua vó no interior, e como lá só tem vaca e mato e nada de sinal de celular, eu acabava ficando muito isolada. Até que sua madrinha, a Faela, falou de uma festa que ia acontecer em uma cidade próxima e como eu estava fazendo nada da vida pedi pra ir junto. Eu precisava me distrair um pouco, esperar que tudo melhorasse com seu pai, matar também a saudade dos meus amigos que eu não via a tanto tempo. Resolvi beber, virar algumas tequilas, eu precisava ficar bêbada pra esquecer toda a tristeza que eu estava sentindo. Foi ai que comecei a estranhar.. Antes de você, quando eu bebia, dificilmente minha bexiga ficava solta rapidamente, só quando eu já estava em um estado elevado, como seu pai fala, quando eu já estava no brilho. Mas daquela vez não, logo nas primeiras tequilas eu estava quase mijando na calça, sem falar o total desanimo de participar da festa. Eu só queria ficar em casa conversando com seu pai e tentando resolver nossa situação. Em um dos dias de festa, sua madrinha brincou falando que eu estava gravida, e na nossa zoação eu comecei a brincar sobre isso também. Cheguei até a usar a desculpa de estar gravida pra dar um fora em um carinha. Mas no ultimo dia de festa essa ideia pesou na minha cabeça e eu resolvi comprar um teste de gravidez. Eu sabia que não podia estar gravida, não pode, não tinha como. Foi no banheiro da casa da sua madrinha que eu descobri você. Eu esfreguei meus olhos embaçados por conta das lagrimas milhares de vezes, eu estava vendo errado, tava errado, tinha que esta errado! Entrei correndo no quarto da sua madrinha e pedi pra ela verificar o resultado, não, não estava errado. E eu chorei ali nos braços dela, nem sei quanto tempo eu fiquei ali jogada até tomar coragem de ir pra casa da minha mãe.
 Da casa da sua madrinha até a casa da sua vó deve ser no minimo uns 10 min de ônibus, mas eu te juro, eu fiquei horas ali dentro daquele ônibus. O tempo congelou. Quando eu cheguei em casa tentei engolir o choro, mas sua vó sempre sabe quando tem algo de errado, é incrível, ela nem se quer deixou eu subir as escadas e já perguntou o que havia acontecido. E eu, é claro, desabei em choro novamente. Ela me abraçava desesperada perguntando o que aconteceu e eu só sabia pedir perdão. Eu não consegui dizer que você estava ali, então peguei o teste e mostrei a ela. De inicio ela nem entendeu o que era, depois que se tocou, me abraçou forte e gritou: "Eu vou ser vovó".
 Ela ficou muito feliz, mas eu não conseguia me sentir feliz, desculpa filha, mas eu não conseguia. Como eu ia ser mãe? Eu que nunca tive responsabilidade comigo mesma, agora sendo responsável por outra vida..
 Quando contei ao seu pai, ele recebeu a noticia com tanta tristeza quanto eu, ele não acreditava. Nem ao menos posso dizer se hoje ele já caiu na real, porque acredito que ainda não, e foi nessa que ele enfiou na cabeça que eu estava mentindo, ou que você não era dele. Essa afirmação da parte dele acabou comigo.. Como assim você não era dele?

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